Luísa

Nasci em 1986, prematura de sete meses, enfrentando desde cedo sérios problemas de saúde. Esse início frágil foi, curiosamente, o ponto de partida da minha história de resiliência. 

Durante a infância, um episódio marcante mudou a forma como via o mundo: aos 11 anos, vivi o bullying de um professor que virou a turma contra mim. Embora doloroso, esse momento despertou em mim uma profunda compaixão pelos outros e um amor genuíno pelo conhecimento — não apenas o académico, mas aquele que nos guia pela vida. 

Anos mais tarde, ao mudar de escola, reencontrei o prazer de aprender e mergulhei no universo da arte. Pouco depois, ao pôr fim a uma relação de 10 anos, fiz um acto de amor-próprio que me permitiu reencontrar-me e crescer. 

Em 2012, aventurei-me até Espanha para estudar pedagogia Waldorf. Viver sozinha, noutro país, ampliou a minha visão sobre o mundo, sobre a educação e sobre o valor intrínseco de cada ser humano. 

Foi em 2016 que conheci o meu marido. A nossa caminhada a dois ensinou-me que, mesmo que o ritmo seja mais lento, caminhar acompanhado traz segurança, equilíbrio e sentido. 

Três anos depois, a vida colocou-me diante de mais uma prova: um transplante de córnea. Essa experiência, delicada e transformadora, ensinou-me a ver — com os olhos e com o coração — a vida com mais humildade e gratidão. 

No ano seguinte, encontrei um espaço de recolhimento e autoconhecimento ao viver num centro de ioga. Durante esse período de isolamento, formei-me como professora de ioga para crianças e aprofundei a minha conexão com o lado espiritual da existência. Descobri, com clareza, o que significa ser humano: uma experiência profundamente espiritual, vivida no corpo e no coração.