Érica

Nasci em 2001, prematura, e passei o meu primeiro mês de vida internada. Foi uma chegada ao mundo marcada por fragilidade, mas também pela força invisível que me acompanha desde então. 

Ainda em pequena, vivi um susto que nunca esqueci — por pouco não fui atropelada. Esse momento deixou-me uma lição precoce: a vida é preciosa e deve ser cuidada com atenção e gratidão. 

Quando entrei na escola primária, cruzei-me com duas professoras muito especiais, a Marta e a Leonor. Foram elas que despertaram em mim o gosto pelo conhecimento e me mostraram o poder que a educação pode ter na nossa vida. 

Com o tempo, vieram também os desafios. A dor do bullying que enfrentei mais tarde marcou-me profundamente, mas ensinou-me a erguer a cabeça, a proteger quem sou e a reconhecer o meu próprio valor. 

Em 2016, o ano trouxe duas perdas difíceis de suportar. A primeira foi a morte da minha avó paterna — uma figura importante e cheia de carinho na minha vida. A segunda, mais simbólica, foi a separação da minha irmã gémea ao começarmos o secundário em escolas diferentes. Pela primeira vez, senti o peso de caminhar sem a presença constante da minha outra metade. 

Dois anos depois, realizei algo que me fez sentir verdadeiramente livre: andei de avião pela primeira vez. Uma experiência simples, mas que me abriu os olhos para o mundo lá fora e para tudo o que ainda estava por descobrir. 

A vida, porém, continuou a testar o meu coração. Em 2020, perdi a minha cadela — um verdadeiro membro da família, companheira fiel e fonte de alegria. E em 2024, enfrentei mais uma grande perda: a partida da minha avó materna, que deixou um vazio imenso, mas também muitas memórias cheias de amor. 

A minha história é feita de altos e baixos, de momentos que me fizeram crescer, resistir e seguir em frente com resiliência. Cada capítulo deixou marcas, mas também lições que carrego com orgulho no meu caminho.